sábado, 21 de maio de 2011

Conto de Rafael Dias - O amor de Marina

O Amor de Marina
(Publicado no Cinform/2010.)

Dizem que a curiosidade pode matar. Infelizmente, isso aconteceu com o amor de marina por mim. Lembro-me que nos bons tempos, Mara e eu nos dávamos muito bem em qualquer lugar que estivéssemos, principalmente na cama. Ela era perfeita. Daquelas do tipo malabarista. Porém, lhe falei que ultimamente andava esgotado e que só precisava de mais alguns míseros minutos de descanso por noite pra me sentir disposto durante o dia que estava por vir, mas ela não me entendia nunca. Dizia que eu não tinha o direito de fazer aquilo com ela. Que homem que é homem, não negava fogo. Eu tentava me justificar, mas Mara contra-argumentava de maneira hostil, prepotente e ainda me chamava de viado. Só pra se ter uma ideia, totalizando o tempo que eu gastava para ir e voltar do trabalho, eram quatro horas naqueles ônibus lotados, velhos e fedidos. Depois que chegava em casa, após ter ficado 12 horas com o cu assando na cadeira do trabalho,  queria mesmo era dormir um pouco. Era só deitar, vinha Marina bulir nas minhas bolas. Caso eu contestasse, acendia a luz do quarto e começava a lançar malditas palavras proféticas sobre as minhas coisas. Que fique claro que nunca deixei de arcar com as minhas responsabilidades de homem, pelo contrário, ia fundo. Durante a madrugada, quando eu estava quase em coma, de tanto sono, mais cansado que um burro de carga, querendo dormir só algumas míseras horas até chegar o martirizante momento que o relógio despertaria às quatro da manhã pra ir ao trabalho, a infeliz me acordava às duas da madrugada para me amar. Eu não era contra o amor, mas não precisava ser acordado essa hora.  Depois disso, não conseguia mais dormir. Eu era assim mesmo, se me despertassem, não dormia mais. Ficava me debatendo na cama durante as horas seguintes. Nesse dia, cheguei ao trabalho de olheira funda e acabei dormindo no birô do escritório mesmo, com a cabeça reclinada ao teclado do computador, babando feito um cachorro faminto, até ser acordado pelo gerente geral me dando tapinhas no meu  ombro e me encaminhando ao setor pessoal da empresa.Tentei me justificar e dizer que foi tudo culpa da Marina, mas já era tarde. De tanta raiva que fiquei, tinha que descarregar em alguém. Resolvi descontar no muro. Tentei estourar meu celular contra a parede,  mas insistiu em continuar funcionando.A raiva prosseguia e crescia assustadoramente.Pensei em Marina. Na verdade eu queria mesmo é laçar os cabelos dela e girá-la como helicóptero no ar, depois,  sinistramente ,urinar no seu rosto de boneca de porcelana e cuspir nos seus cabelos. Muito homem por aí faria pior. Mas eu não era violento. Nunca fui. Jamais encostaria um dedinho sequer em Marina. Não passavam de pensamentos malignos que me vinham à mente vez ou outra. No fundo eu a amava. Entretanto, não conseguia entender esse amor dela. Mas até aí, tudo bem, porém maldito foi o dia que, com a intenção de apimentar o casamento, eu a levei a uma loja de sex shop. De lá pra cá, minha vida nunca mais foi a mesma.
Certa vez, quando cheguei em   casa,  vejo Marina olhar sinicamente pra mim e dizer:
- Vá embora!
Foram as únicas palavras que ouvi da sua boca quando a vi arregaçada na cama. Estático com o bombardeio inesperado, arregalei os olhos e passei nervosamente as duas mãos sobre os cabelos.Tentei mexer os lábios (estavam pesados).Pareciam lacrados pelo impacto da frase que me foi dita. O raciocínio ficou lento. Atordoado, mudo, ainda tentando associar o código lingüístico às imagens humilhantes em minha mente, parei, respirei fundo, fixei os olhos nela durante alguns minutos e fui em direção ao guarda-roupa. As lágrimas ainda não tinham despencado em meu rosto decepcionado e tristonho, todavia, os olhos apertados e vermelhos prenunciavam isso. O semblante dela - outrora sensível , alegre e fagueiro - agora exprimia um sentimento de vingança sarcástica e perversa. O pior de tudo, achei que essa frase tão comum ditas pelas mulheres traidoras: “foi com o seu melhor amigo”,era o que eu iria ouvir, pra minha surpresa, vi que não era.
 Envolta por um fino lençol transparente, deitada na cama, quase sem toscanejar, olhava fria e fixamente para mim, sem em momento algum perder a sensualidade ímpar e provocante que a envolvia. Ninguém precisava me falar mais absolutamente nada. Aquelas duas palavras já foram suficientes. Aquela curta frase já  me dizia o  porquê de tudo aquilo.
Peguei a mala pequena e fui embora. Precisava restaurar a minha autoestima. Toquei a caminhar sem destino.  Olhei pra umas putas que, encostadas às lojas velhas do centro da cidade, me convidavam sensualmente para 20 minutos de sexo por um preço acessível, mas preferi prosseguir minha jornada até encontrar um bar que eu jurava ser uma igreja. Notei que o rapaz de avental me olhou por alguns segundos de maneira estranha, fingi estar tudo bem e fui logo chamando duas loiras de uma só  vez. Eram belas e deliciosas as moças que sentaram à minha mesa. Fazia um frio infernal nesse dia. Mandei descer umas brejas e um Cavalo Branco. Permanecemos na mesa por uns quarenta minutos papeando e bebendo até quando resolvemos subir as escadas. Quando cheguei ao quarto, lembrei que tinha deixado o cavalo na mesa, mas que depressa desci pra ver se o encontrava e por sorte ele ainda estava lá. Quando voltei para o quarto, terminamos de beber o whisky e nos entrelaçamos sobre a cama os três até iniciar a dupla felação. Comecei a reger aquela maravilhosa orquestra. Eram agradabilíssimas as moças: gentis e sem picuinhas. Quando saí de lá, já beirando às sete  manhã do dia seguinte, notei quando o ônibus passou próximo ao Sexland. Na hora me lembrei de Marina. Dei sinal ao motorista, desci e fui ao sex shop onde levei  Marina pela primeira e última vez.

5 comentários:

Silvana disse...

Rafa, adorei esse conto, tem uma dose de humor mto interessante. E atualmente,o sex shop é um forte concorrente, se liga, rsss. Desejo q seu projeto d levar arte p o interior do estado seja um sucesso, q seja o primeiro d muitos outros q irão surgir dessa sua mente criativa e dinãmica.td d bom! bj Sil.

Eduardo disse...

Tenho o privilégio de ter lido esse conto ainda quando estava na fase de criação , é muito bom Rafael ,parabéns por enriquecer a cultura Sergipana .Vc é muito bom mesmo!rs

Professor Rafael Dias disse...

Muito agradecido, Eduardo!

Unknown disse...

🤡

Unknown disse...

Eu acho q alguém tem que ler fic melhor,pq essa viu kkkk

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